10/07/2014

À conquista de Baby M.



Primeiro Summer Matchi-Matchi Mãe e Baby M. by Violeta Cor de Rosa


Baby M. não tinha ainda 11 meses quando descobri que baby V. vinha a caminho. 

A minha 1ª reacção não foi a melhor, achava que de alguma forma a estava a trair, achava que não iria ter capacidade de dividir o meu mundo, o meu mundo era ela.

Baby M. estava a começar a dar os primeiros passos, a pronunciar as primeiras palavras, toda ela era mãe, muito mãe, afinal eu era também o seu mundo.

Quando tudo se deu, ao contrário de mim nunca chorou, ao contrario de mim o Mundo dela não desabou com a ausência da mãe, bem resolvida que só ela acabou por encontrar no A. e na minha mãe tudo o que precisava.

À medida que o tempo foi passando passei a ser de alguma forma prescindível na sua vida, no seu dia a dia...

muito tempo de hospital obrigava a que ela me fosse visitar diariamente sob pena de eu rebentar de saudades, ela odiava, pouco ou nada se aproximava da minha cama, era difícil gerir isto, era difícil sentir-me indiferente.

em casa não era muito diferente, também se aproximava da minha cama com alguma dificuldade e quando o fazia era apenas por escassos segundos, com sorte uns minutos e com muita muita sorte deitava-se ao meu lado e quando acontecia eu ganhava o dia. 

Sempre soube e continuou a dizer que eu era a mamã, mas o seu mundo passou a ser o pai e a minha mãe, invejei-os todos os dias muito, tanto mas tanto, queria ser eu a amparar as suas quedas nos primeiros passos que dava, queria ser eu a aconchega-la na hora de dormir, a secar as suas lágrimas quando chorava, mas durante quase 7 meses não fui eu...

Recordo com mágoa um dia, em casa, na sala, e ali mesmo à minha frente caiu e partiu a cabeça, eu assisti do alto da minha cama articulada sem me poder mexer, sem poder acudi-la, o A. e a minha mãe a saírem a correr com uma toalha turca que ensopava o sangue, enquanto eu fiquei sozinha à espera do seu regresso do tamanho de uma ervilha.

Foram muitos meses de um contacto físico parco ou nulo, durante meses pensava muito e ansiava muito pelo dia em que finalmente iria conseguir voltar a pegar nela ao colo outra vez, era esta entre muitas a maior angústia diária, queria voltar a senti-la só minha. 

Todos os dias engendrava e pensava no plano de conquista a fazer após o nascimento do baby V.,  
pensava que iria ser difícil recuperá-la e atormentava-me pensar que ela nunca mais gostasse de mim da mesma forma, não foi preciso por o plano em acção, baby M. afinal de contas nunca esqueceu a mãe, rapidamente conseguimos recuperar o que eu pensava que se havia perdido mas nada se perdeu, baby M. mais inteligente que a mãe apenas se defendeu e bem da ausência da mãe. 

Querer cumprir com o papel de mãe e não conseguir é difícil, de tudo o que passei durante estes longos e difíceis meses o que mais me custou foi sem duvida alguma a privação da minha filha. 



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